Gartner afirma que em até 5 anos, 25% do trabalho de TI será realizado exclusivamente por IA
- Camila Guerreiro

- 25 de nov.
- 3 min de leitura

Até 2030, a Inteligência Artificial deve assumir um quarto de todo o trabalho realizado pela área de TI, enquanto nenhuma atividade será executada exclusivamente por humanos sem apoio de recursos inteligentes. A projeção, divulgada pelo Gartner com base em uma pesquisa global com mais de 700 CIOs, reforça que o ambiente tecnológico da próxima década será conduzido por profissionais, ampliado pela IA e coordenado por lideranças que precisarão acelerar tanto a preparação tecnológica quanto a preparação humana para capturar valor.
Os dados mais recentes mostram que, até 2030, 75% das tarefas continuarão nas mãos de profissionais, porém ampliadas por sistemas inteligentes, indicando que o avanço da IA transformará a rotina sem eliminar o papel humano. Apesar desse movimento, o Gartner destaca que poucas organizações estão, hoje, equilibrando o preparo tecnológico e o preparo da força de trabalho para essa evolução. Entre os CIOs da Europa, Oriente Médio e África, por exemplo, 73% afirmam que suas empresas ainda não alcançam retorno financeiro ou operam no limite do equilíbrio nos investimentos atuais em IA.
A consultoria reforça que a transformação da força de trabalho é um ponto crítico para capturar e sustentar o valor da IA. A expectativa é de que o impacto global nos empregos seja neutro até 2026 e, a partir de 2028, a tecnologia passe a gerar mais funções do que eliminar. Para acompanhar essa transição, o Gartner recomenda que as organizações reduzam contratações em funções de baixa complexidade e reposicionem talentos para áreas estratégicas. A mudança exige uma revisão profunda de competências, já que tarefas como resumo, recuperação de informações e tradução tendem a ser automatizadas, enquanto habilidades humanas, como motivação, comunicação e pensamento crítico, se tornam ainda mais relevantes.
Os analistas também chamam atenção para o risco de atrofia de capacidades. À medida que a IA assume atividades operacionais, os trabalhadores podem deixar de exercitar funções essenciais que sustentam o desempenho organizacional. Por isso, além do treinamento em novas tecnologias, o Gartner orienta que as empresas desenvolvam mecanismos de avaliação contínua para garantir que os profissionais mantenham competências críticas ao longo do tempo.
Prontidão tecnológica e desafios de implementação
Para adotar sistemas de IA em escala, as empresas precisam compreender com clareza o que a tecnologia já oferece e quais obstáculos ainda exigem atenção. Entre os principais pontos destacados pelo Gartner estão:
Capacidades já maduras, como pesquisa inteligente, geração de conteúdo e automação de código;
Recursos que ainda demandam evolução, como precisão avançada dos modelos e agentes especializados para tomadas de decisão;
A existência de custos ocultos que podem se multiplicar por dez em relação ao valor da ferramenta, considerando integração, treinamento e gestão de mudanças;
A necessidade de análises detalhadas sobre quais iniciativas serão priorizadas, levando em conta infraestrutura, orçamento e expectativa de retorno.
A escolha de fornecedores também se torna estratégica. Implementações amplas podem depender da estrutura dos hiper escaladores, enquanto agentes especializados podem ser melhor atendidos por startups focadas em nichos específicos. Já empresas de pesquisa e desenvolvimento oferecem inovação acelerada, mas ainda não possuem escala empresarial. Para orientar essa jornada, o Gartner estruturou um Sistema de Posicionamento que avalia a prontidão tecnológica e humana para cada iniciativa. A consultoria defende que, ao seguir esse processo, as organizações aumentam a capacidade de encontrar, capturar e sustentar o valor da IA, preparando-se para um ambiente tecnológico mais autônomo e para uma força de trabalho capaz de transcender limitações atuais.











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