Inexperiência com IA prejudica cibersegurança na América Latina, segundo relatório
- Camila Guerreiro

- 14 de out.
- 2 min de leitura

A crescente dependência de soluções de inteligência artificial (IA) na segurança digital evidencia uma contradição no cenário corporativo latino-americano: ao mesmo tempo em que a IA é vista como uma ferramenta essencial para fortalecer defesas, a falta de profissionais qualificados para operá-la de forma eficaz expõe novas vulnerabilidades. O Relatório Global da Lacuna de Habilidades em Segurança Cibernética 2025, da Fortinet, mostra que 54% dos líderes de TI na região reconhecem a inexperiência com IA como um dos principais obstáculos para fortalecer a segurança digital. O estudo reforça que, enquanto a tecnologia avança rapidamente, o desenvolvimento de competências humanas segue em ritmo lento, criando um desequilíbrio que ameaça a proteção das organizações.
Os dados revelam um cenário de vulnerabilidade crescente na América Latina, impulsionado pela combinação da escassez de profissionais qualificados e da adoção acelerada de novas tecnologias. A pesquisa aponta que a falta de treinamento no cotidiano e o déficit de conscientização sobre segurança da informação continua sendo a principal causa de violações, evidenciando que muitas empresas ainda tratam a cibersegurança como um tema técnico, e não estratégico.
Em 2024, 86% das organizações latino-americanas e caribenhas sofreram pelo menos um ataque cibernético, e um quinto delas enfrentou cinco ou mais incidentes. Esses números mostram não apenas a frequência dos ataques, mas também a dificuldade das empresas em manter equipes preparadas para lidar com eles. O impacto financeiro é expressivo: 35% das companhias relataram prejuízos superiores a US$ 1 milhão. Apesar desse panorama, a inteligência artificial surge como um ponto de esperança e também de contradição. Quase todas as empresas da região (98%) já usam ou pretendem adotar soluções de IA em segurança, buscando automatizar respostas e detectar ameaças com mais agilidade. No entanto, a falta de experiência com essas ferramentas faz com que a mesma tecnologia que promete proteção possa ampliar vulnerabilidades, se aplicada sem preparo.
O quadro que surge é o de uma região tecnologicamente ambiciosa, mas carente de mão de obra especializada. A América Latina avança na digitalização e na integração da IA, mas ainda enfrenta um déficit estrutural de formação em segurança cibernética, uma lacuna que pode comprometer o crescimento digital sustentável das empresas e governos nos próximos anos.











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